Estive participando de alguns debates e círculos de conhecimento recentemente com alguns colegas de Supply Chain e abordamos temas referentes aos grandes varejistas de e-commerce que tem elevado as suas barras de desempenho no que tange à cadeia de abastecimento. É importante entender que a agressividade imposta por estas organizações para melhorarem os seus níveis de serviço, gera um significativo impacto também nos fabricantes, uma vez que eles passam também a ter o compromisso em atingir novos níveis de previsibilidade e tempo de resposta.
Níveis de serviços de entrega
O modelo de membros “prime” da Amazon representa mais de 50% dos seus clientes. Compreender a importância de se atender bem a estes clientes é vital, uma vez que eles gastam em média o dobro daqueles clientes que não são membros de tal serviço. Os clientes preferenciais (“prime”) segundo dados levantados pela Mckinsey gastam cerca de US$1300 por ano, enquanto os não “prime” gastam cerca da metade deste valor. O benefício principal de se filiar e tornar-se um membro seleto da Amazon é que o prazo de entrega é de 2 dias e sem custos adicionais de frete. Portanto a expectativa é extremamente alta.
Para atingir este nível de serviço de entrega a Amazon tem investido pesadamente em sua infraestrutura logística. Atualmente a malha logística da empresa não é apenas gigantesca, mas também extremamente eficiente, incluindo baixos níveis de estoque. Os itens são separados, embalados e ficam aptos ao transporte duas horas depois que o cliente coloca o seu pedido. Isto se deve basicamente ao alto grau de automação e integração existente nas diversas operações, desde o recebimento do pedido até a sua separação.
Importante salientar que onde a Amazon tem marcado presença e saído na dianteira, faz com que o resto da Indústria a siga imediatamente. Outro gigante, a Wal-Mart está desenvolvendo uma rede de distribuição dedicada ao mundo do Comércio eletrônico o qual irá permitir entregas no dia seguinte para os pedidos colocados online para cerca de 90% da população dos Estados Unidos. Incrível. Este nível de serviço tem sido uma busca incessante dos grandes varejistas americanos e seguramente somente será conseguido através do uso adequado e apropriado de tecnologia. Outros grandes varejistas também têm feito investimentos para assegurar suas posições no mundo da internet comprando concorrentes e mesmo operadores logísticos, que fazem entregas no mesmo dia, bem como desenvolvendo as suas habilidades internas para atender as necessidades de atendimento dos pedidos.
A pressão aumenta sobre os fornecedores
À medida que as promessas de níveis de serviço de entrega vão aumentando, os varejistas esperam que seus fornecedores compartilhem o ônus proveniente desta estratégia. Mas de que forma? Bem, como já sustentava Michael Porter em suas definições de forças competitivas, o poder de barganha tem influenciado fortemente a que os varejistas imponham penalidades para aqueles fornecedores que falhem no atendimento dos níveis de serviço contratados. Algumas empresas usam o artifício da multa para o caso dos pedidos se atrasarem, enquanto outras cobram um percentual do preço de compra para pedidos que são entregues de forma imperfeitas. E notem que muitas dessas empresas têm reduzido o prazo das entregas pela metade o que traz enormes problemas para a adequação dos fornecedores.
Caso as penalidades venham a se tornar um hábito na indústria, isto poderá criar um dilema para os fornecedores que verão as suas margens sofrerem significativa erosão.