Conhecer de ponta a ponta sua cadeia de suprimentos é difícil. Mais difícil ainda é saber exatamente o que é uma supply chain - o que na logística define uma cadeia e o que não faria parte dessa definição? Saiba como analisar a supply chain da sua empresa com conceitos de especialistas no assunto. Confira também 2 modelos de gestão que podem ser aplicados em qualquer empresa, independente do setor.
Leia agora para saber: significado de supply chain, conceitos, modelos e como fazer a gestão dessa cadeia de forma estratégica!
Significado de Supply Chain
Supply Chain (cadeia de suprimentos) é uma rede estabelecida para desenvolver e entregar produtos para clientes. Dependendo da complexidade da Supply Chain, podem existir vários fornecedores e etapas até o desenvolvimento final da mercadoria.Igual uma cadeia de metal, a “cadeia de suprimentos” tem vários “elos” que se conectam desde a extração da matéria-prima até a entrega do produto nas mãos do cliente.
Confira o esquema do professor de logística Ronald H. Ballou abaixo:
Conceitos de Supply Chain
Uma compreensão conceitual do supply chain é crucial para um gestor logístico entender de ponta a ponta o que acontece para transformar uma matéria-prima em um produto finalizado. Esse entendimento facilita que identifique gargalos no processo e evita erros como superprodução ou tempo de espera prolongado do cliente.
Ao pensar em uma cadeia de suprimentos, você deve sempre considerar esses 4 itens:
- Distâncias geográficas entre a fonte das matérias-primas, a fábrica e os pontos de venda/ clientes
- Tempo de fabricação necessário para finalizar o produto
- Demanda dos clientes pelos produtos e como isso afeta a qualidade das entregas
- Armazenamento dos produtos e como você controla estoques
Agora saiba porque esses 4 itens devem ser considerados para que sua supply chain seja eficiente:
1) Distâncias geográficas
Não importa a indústria na qual opera, você depende de recursos de lugares diferentes para entregar produtos aos seus clientes. Para pequenas empresas, essa distância pode ser minúscula, como o caso de um carpinteiro. Mesmo assim, ele depende de diversos locais para entregar móveis para seus clientes:
- Madeira que precisa ser obtida de uma zona florestal
- Pregos, arames e colas que podem ser obtidas em lojas de construção
- Equipamentos como serras, furadeiras e martelos que também devem ser encontradas em lojas especializadas
Nesse caso, o carpinteiro pode obter todos os materiais que necessita em um espaço geográfico limitado (cidade) caso more em uma metrópole. De qualquer forma, ele terá que se deslocar (logística) para obter os materiais ou encomendar uma entrega em sua oficina.
Já imagine uma empresa de grande porte como a Renault, que para fabricar seus veículos precisa de matérias-primas de diversos locais do mundo, que depois viram peças em fábricas separadas e são montadas em outros locais especializados! Pense na logística necessária para que isso aconteça com eficiência! Por isso, é importante levar em consideração a geografia na cadeia de suprimentos, pois cada local tem seus desafios logísticos diferentes.
Mesmo dentro do próprio Brasil, cada estado tem legislação diferente de trânsito no que concerne a documentação das cargas e ainda a qualidade da infra-estrutura das estradas é variável.
2) Tempo de fabricação
Todo produto tem um tempo X para ser desenvolvido. Esse tempo deve ser respeitado, pois produtos feitos com pressa tendem a ter defeitos e assim você sai no prejuízo na hora de fazer recall.
Levar esse tempo em consideração também melhora a qualidade das suas entregas: assim você evita deixar o cliente esperando porque o produto ainda não está pronto quando ele faz o pedido. Um supply chain eficiente leva em consideração o tempo de fabricação do produto e alinha isso com os processos de armazenamento e de entrega para o cliente final.
3) Demanda dos clientes
Você sabe quantos pedidos seus clientes fazem por mês? Tende a ser constante ou a cada mês aumenta o número de vendas? E a sua logística dá conta de entregar produtos a tempo conforme a variação da demanda? E no caso de uma diminuição da demanda, o processo logístico fica no prejuízo ou se mantém em funcionamento? Os canais de comunicação na cadeia de suprimento devem ser fortes para que qualquer flutuação na demanda dos clientes seja detectada rapidamente e assim todos possam alinhar suas operações. Uma demanda maior significa um ritmo de entregas maior em todas as etapas da supply chain, desde a coleta dos produtos até a entrega aos clientes.
4) Armazenamento
Dependendo do tempo necessário para produzir seus produtos, o armazenamento pode ser crucial. Desde a revolução industrial, os armazéns têm garantido aos clientes um fluxo constante de mercadorias, pois dão “folga” suficiente para que os produtos sejam desenvolvidos independente da flutuação de demanda. Entretanto, os armazéns podem acabar sendo um risco para a sua empresa. A superprodução costuma ser um erro comum e inclusive foi uma das causas da Grande Depressão de 1929. Por isso, vale a pena averiguar se no caso da sua empresa é possível criar produtos conforme a demanda e evitar a estocagem já que esse processo é custoso e arriscado. Algumas empresas têm optado pelo Cross Docking, na qual o produto sai da fábrica e vai direto para o cliente. Há no máximo uma pausa para “troca de caminhões”, mas não estocagem propriamente dita. Na hora de pensar na supply chain, além dos conceitos existem os modelos. Também conhecidos como “tipos”, ajudam a estruturar as etapas de transporte necessárias de ponta a ponta no desenvolvimento das mercadorias.
Modelos de Supply Chain
Os “modelos” de supply chain são formas de organizar as etapas de logística de uma mercadoria. Nenhuma empresa tem uma cadeia igual a outra, mas existem modelos que podem servir de base para esquematizar o processo e facilitar a identificação de gargalos.
Confira 2 modelos abaixo:
1) Modelo SCOR
SCOR é uma sigla em inglês para Supply Chain Operations Reference Model (“Modelo de Referência para Operações da Cadeia de Suprimentos”).
Este modelo analisa a cadeia de suprimentos a partir de “lentes” que devem ser aplicadas em toda as etapas do processo simultaneamente. Por isso não é uma análise linear, mas sim um modelo de logística integrada. Essas “lentes” devem ser aplicadas desde a coleta das matérias-primas até a entrega do produto nas mãos do cliente. Recomenda-se efetuar a análise constantemente para conferir a performance da supply chain. Assim, ele não é um modelo fechado, mas sim dinâmico conforme as mudanças das necessidades da empresa.
Confira as 5 “lentes” do modelo SCOR abaixo:
Plan (Planejar)
Essa lente foca no gerenciamento em si da cadeia. Isso inclui criar canais de comunicação com fornecedores e clientes e estabelecer indicadores para medir performance. Nessa lente também enquadram-se o gerenciamento de inventário e fiscalizar o cumprimento das leis.
Source (Adquirir)
Com essa lente você analisa como a sua empresa adquire materiais, equipamentos e mantém sua infra-estrutura. Aqui entra o gerenciamento da rede de fornecedores, os contratos firmados e a análise de performance desses fornecedores. O gerenciamento de recursos financeiros para obtenção dos materiais também é crucial nessa lente.
Make (Fabricar)
O enfoque nessa lente é na produção dos produtos. Na sua empresa os produtos são desenvolvidos quando?
- Make-to-order (“Fabricar para venda”)
- Make-to-stock (“Fabricar para estoque”)
- Engineer-to-order (“Desenvolver por projeto”)
Cada uma exige uma solução logística diferenciada:
- No caso do make-to-order você fará entregas on demand para os clientes assim que o produto sai da fábrica
- Já no make-to-stock você produz produtos e levá-os para um armazém
- Por fim, no engineer-to-order você desenvolve um produto do zero para uma demanda específica e a logística só entra em jogo quando esse produto passar por todas as etapas de desenvolvimento (pesquisa, prototipagem, etc)
Nessa lente também é preciso averiguar as etapas de “finalização” do produto como os testes de qualidade e o acondicionamento em embalagem.
Deliver (Entregar)
Nessa lente você realiza o gerenciamento de pedidos, armazéns e transporte das mercadorias. Aqui entra também a emissão de notas fiscais.
Return (Retornar)
Por fim, nessa lente você analisa como sua empresa lida com os resíduos gerados durante a entrega dos produtos. Aqui entra embalagem, contêiner ou coleta de produtos com defeito. A logística reversa também entra aqui, que é a coleta dos produtos da sua empresa após ficarem inutilizáveis. Isso pode ser feito de diversas formas, desde o reaproveitamento dos materiais (transformar pneu em balanço infantil) até a busca dos produtos para reciclagem.
Confira mais sobre a logística reversa no artigo Logística Empresarial: o que é, como fazer e muito mais!