Talvez você já ouviu falar no crossdocking se trabalha no setor de logística. Mas e para um novato? Esse termo está na moda recentemente, especialmente após grandes empresas como a Amazon adotarem o crossdocking para agilizar fretes.
Neste artigo você vai descobrir o que é crossdocking de acordo com especialistas de logística, confere os prós e contras e ainda os tipos de crossdocking que existem.
Continue lendo para saber em detalhes como o crossdocking funciona e se a estratégia é ideal para a sua empresa!
O que é crossdocking na logística?
crossdocking (“cruzamento de docas”) é um sistema que visa eliminar ou reduzir ao máximo a etapa de estocagem. O objetivo é o produto permanecer em movimento, desde a sua saída da fábrica até o cliente final.
O crossdocking é geralmente feito num terminal específico com portas para caminhões inbound e outbound para que o produto seja entregue com o máximo de eficiência e sem etapas de espera.
Confira os significados (tradução) de crossdocking dos especialistas:
“A ideia básica por trás do crossdocking é de transferir encomendas inbound diretamente para caminhões outbound sem armazená-las entre ambas etapas. Essa prática pode ter objetivos diferentes: consolidação das cargas, diminuir o prazo das entregas, reduzir custos, etc. O papel do crossdocking na indústria parece estar em crescimento.” — Van Belle et al. (2012, tradução nossa).
“(crossdocking) é o processo de movimentar mercadorias da doca receptora até a doca de embarque sem colocá-las anteriormente em locais de armazenamento.”— The Material Handling Industry of America [Indústria de manuseio de materiais da América] (2011, tradução nossa).
Qual a diferença entre crossdocking e distribuição tradicional?
Na distribuição tradicional, as mercadorias chegam do fabricante e depois são estocadas em um armazém. Quando um cliente faz um pedido, é necessário retirar o produto do armazém e colocá-lo para despacho por caminhão ou outro modal de transporte.
Isso pode ser automatizado, mas geralmente é feito manualmente com uma equipe no armazém.
O crossdocking elimina (ou reduz) a necessidade de armazenamento e também a necessidade de pessoas e equipamentos para fazer o despacho da mercadoria.
Assim, o crossdocking torna a logística empresarial mais barata, pois elimina dois custos grandes: armazenamento e preparação de encomendas.
Quais são as vantagens do crossdocking?
Adotar o crossdocking tem diversos benefícios comparado à distribuição normal de cargas:
- Redução de custos (custos menores com armazenamento, estocagem e mão de obra);
- Tempo de entrega mais rápido;
- Melhor atendimento ao cliente;
- Economia de espaço ao eliminar/ diminuir o estoque;
- Rotação de estoque maior;
- Menor risco de excedência de estoque;
- Redução de avarias nas cargas.
Qual a principal aplicação do crossdocking?
Essa tecnologia é ideal para atender demandas de e-commerce, mas empresas de qualquer segmento podem implementar a técnica, especialmente as focadas em B2B, que precisam otimizar seu processo com o cruzamento de docas.
Nesse sentido, não importa qual o seu modelo de negócio, vale muito a pena investir nessa metodologia para melhorar a logística do empreendimento. Para que sua aplicação seja bem sucedida, é importante planejá-la detalhadamente.
Isso exige o investimento em locação de pessoal e softwares de gerenciamento. Também não se deve negligenciar o treinamento da equipe, pois se trata de um processo que exige cuidado e leva tempo. É sempre benéfico ter mão de obra qualificada para evitar falhas.
Mesmo com o investimento inicial, todas as empresas que desejam reduzir custos operacionais, otimizar prazos de entrega e melhorar o atendimento com os consumidores se beneficiarão dessa solução.
Quais são as características do crossdocking?
Como você já entendeu até agora, o crossdocking é um sistema de distribuição no qual envia o produto comprado pelo cliente para uma instalação ou centro de distribuição.
Assim, a mercadoria é despachada para o cliente com mais rapidez. Em suma, as principais características dessa operação são:
- tempo mínimo de permanência: todo o processo de crossdocking deve acontecer em, no máximo, 24h. Isso porque, caso o produto permaneça por mais de 3 dias nos centros de distribuição, podem ocorrer cobranças extras de taxa de estocagem;
- despacho imediato: assim que a mercadoria é recebida, deverá ser despachada imediatamente ou enviada para uma área de picking. Isso porque, a estocagem não está incluída no sistema de crossdoking;
- sistema de organização de informações: é necessário ter um sistema eficiente para organizar as mercadorias e informações durante a troca. A coordenação das etapas do crossdocking deve considerar o tempo em que a frota alcançará o operador logístico.
Qual a diferença entre crossdocking e Transit Point?
Muitos profissionais logísticos ainda têm dúvidas relacionadas às definições do crossdocking e do transit point.
No transit point, todos os produtos que chegam possuem destinos fixos e já são alocados para a entrega ao cliente. Por outro lado, no crossdocking, as mercadorias devem ser enviadas para um centro de distribuição antes da entrega ao consumidor final.
Essa diferença acontece quando os produtos são fornecidos de diferentes locais, que podem gerar esperar para que os veículos completem o trajeto de transporte.
Vale destacar que as duas modalidades podem gerar benefícios para o processo logístico da sua empresa. Basta identificar qual delas oferece mais vantagens operacionais e implementar.
Se o seu empreendimento comercializa produtos de forma local, talvez o transit point seja a melhor opção. Contudo, caso a sua marca venda produtos para todo o Brasil, o crossdocking pode ser a melhor alternativa.
Quais são os desafios para adotar o crossdocking?
Infelizmente, utilizar a estratégia do crossdocking na sua empresa não é “da noite para o dia”. Ela requer bastante planejamento e fatores cruciais devem ser seguidos para evitar dor de cabeça.
Confira abaixo os entraves que devem ser superados antes de implementar o crossdocking em uma empresa:
Sincronia inbound and outbound
Os horários de chegada dos caminhões devem ser previsíveis e sincronizados com a hora de coleta dos caminhões que saem do cross dock.
Demanda previsível de mercadorias
O crossdocking é preferível quando a demanda é constante. Em operações como a entrega de alimentos, a demanda tende a ser igual e essa estratégia é altamente benéfica.
Já se a demanda do seu produto for variável, corre-se o risco de produtos ficarem acumulados ou caminhões saírem sem preencher 100% da capacidade.
Nesse caso, o uso de software pode facilitar o planejamento de horários para realização do crossdocking em vez de utilizar o processo em tempo integral.
Coordenação entre membros da Supply Chain
Para o crossdocking dar certo, a empresa precisa de horários precisos para recebimento das mercadorias.
Por isso, a comunicação entre todos os membros da Supply Chain (cadeia de suprimentos) é essencial para evitar que caminhões aguardem nos terminais de cross dock sem cargas.
Afinal, o objetivo da estratégia é a entrega sem (ou com menos) etapas de estocagem e para isso acontecer os caminhões que chegam devem ser sincronizados com aqueles que saem.
Imagine que você contrata alguns motoristas autônomos para entregar seus produtos no dia 10 às 11h para seus clientes.
De repente, seu fornecedor liga falando que houve um incêndio em parte da planta e diversas matérias-primas foram destruídas. Assim, o seu lote de mercadorias não vai ser produzido no prazo.
No crossdocking, o estoque é geralmente inexistente, então você não tem mais produtos para a entrega do dia 10. Logo seus clientes vão ter que aguardar e você tem que cancelar o frete com os motoristas autônomos.
Caso seu fornecedor tivesse avisado antes, você poderia ter realinhado as operações e evitado esse contratempo.